quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

OUTRAS MÃES





Chove. É verão.
Minha casa está limpa
e eu tenho pão.

O céu escurece na tempestade.
Minha casa tem luz
e eu respiro liberdade.

A natureza se exalta com trovões e raios.
Minha casa está segura
e daqui não saio.

Não saio porque não preciso
um trabalho e salário dignos
me garantem esse destino.

Mas quantas heroínas anônimas
foram  necessárias
para abrir esse caminho.

Em seus vestidos longos e escuros
só com os braços dados por escudo
marchando contra os preconceitos

e do escárnio, do ferro e do fogo
moldando corajosamente o rosto
da mesma mulher, mas com direitos.

Chove. É verão.
Minha casa está limpa
e eu tenho pão.

O céu escurece na tempestade.
Minha casa tem luz
e eu respiro liberdade.

Ergo-lhes um cálice, agradecida.

Quem sempre teve isso jamais entenderá
que além de minha mãe
foram essas mulheres que me deram a vida.



Nenhum comentário:

Postar um comentário